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Barra do Quaraí se encontra à margem de dois rios importantes, navegáveis em épocas passadas, e na fronteira com dois importantes países platinos, Uruguai e Argentina. Os registros históricos mais remotos de ocupação do local remontam ao ano de 1814, quando foi instalada na região uma guarda portuguesa de fronteira, cujo objetivo era garantir a defesa do território conquistado das frequentes investidas espanholas. As fronteiras definitivas entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai seriam definidas em 1851. Pertence hoje a Quaraí a chamada Ilha Brasileira, uma ilha fluvial com uma área aproximada de 200 hectares localizada na foz do Rio Quaraí. Considerada como ponto estratégico em termos militares, foi incorporada ao território do município de Uruguaiana em 21 de dezembro de 1887. Na década de 1930, passou a ser objeto de diversos litígios entre os governos brasileiro e uruguaio e, ainda hoje, o pertencimento é questionado por este último, com base em estudos geográficos diferentes dos realizados no Brasil. Na Barra do Quaraí também existem dois marcos de fronteira, que demonstram a importância do lugar para o Brasil. O primeiro, conhecido como Marco Grande ou Principal (atual P13), foi colocado a sudoeste da Ilha Brasileira em janeiro de 1862, e corresponde à demarcação da fronteira entre o Brasil e o Uruguai. Foi feito com mármore, transportado em carretas até o local. O segundo marco foi construído com pedra lavrada em 1901, na foz do Rio Quaraí, e corresponde à demarcação entre a Argentina e o Brasil. Originalmente, toda a região esteve sob o domínio dos indígenas da etnia charruas. Com a destruição das reduções jesuíticas, o gado ocupou livremente essa área; mais tarde, com a instalação da indústria saladeiril, o gado se constituiria no mais importante produto econômico da região. Em 1887, a cerca de 7 km da foz do Rio Quaraí, foi instalado por Hipólito Lessa o saladeiro Barra do Quaraí, um dos primeiros na zona fronteiriça com o Uruguai. O saladeiro foi o mais importante empreendimento industrial em toda a região: chegou a abater mais de 90 mil cabeças de gado nas melhores safras e empregou mais de 250 trabalhadores, em turnos ininterruptos, por volta de 1908. Sua produção era exportada pela via do Prata para os mercados nacionais e estrangeiros. O declínio de tão importante empreendimento começou em 1917, com a instalação do primeiro frigorífico em Rio Grande, cujo sistema de refrigeração viria a eliminar as técnicas primitivas utilizadas nos saladeiros em geral. Outro fenômeno econômico importante em toda a região no final do século XIX foi a construção do trecho ferroviário que ligava a Barra do Quaraí à Uruguaiana, inaugurado em 1887. Com a ferrovia, o transporte e a comunicação ficavam resolvidos e a produção regional, importação e exportação assegurados. Em 1915, era inaugurada a ponte ferroviária sobre o Rio Quaraí, que ligava a Barra do Quaraí a Montevidéu, e daí ao resto do mundo. Em 1952, a via permitia o tráfego misto (rodoferroviário), possível mediante a adaptação do piso. Com a inauguração da Ponte Rodoviária Internacional Rio Quaraí, em 19 de fevereiro de 1976, construída ao lado da ponte ferroviária, perdia importância esse símbolo da grandeza econômica da localidade. Entre outros prósperos negócios desenvolvidos no local à época da ferrovia, merecem destaque, além do saladeiro, a Fábrica de Queijos de Lagraña, fundada em 1896; o Curtume do Cel. José Lagraña, fundado em 1901; e a Fábrica de Velas de João Peró & Cia., que utilizava subprodutos do saladeiro. Além dessas, também se desenvolveu no local importante atividade madeireira: o material bruto recebido era serrado e exportado através do rio, inicialmente, e da ferrovia, posteriormente.
BARRA DO QUARAÍ (RS). Prefeitura. Disponível em: http://www.barradoquarai.rs.gov.br/PDF/historia.pdf. Acesso em: 10 jun. 2017.
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